A menina que andava à procura do tempo
Texto oral: ouve-o AQUI
A Ana nasceu numa grande cidade. Os habitantes da cidade andavam o dia inteiro a correr atrás do tempo e, mesmo assim, nunca o encontravam. Diziam constantemente:
- Não tenho tempo!
Ou então queixavam-se:
- Preciso de mais tempo.
Quando ela queria que a mãe a levasse a passear, a mãe respondia:
- Agora não posso. Mais tarde, vamos ao centro comercial.
Quando a Ana queria ajuda para fazer os trabalhos de casa, dizam-lhe sempre:
- Dá-me tempo. Daqui a bocado já te ajudo.
Ela começou a perceber que o tempo era uma coisa que não se via e que andava sempre à frente: havia o “agora” e o “logo”, o “daqui a bocado” e o “mais tarde”. Havia também o “depois” e ela desconfiava que também havia o “antes”, porque, se o tempo andava sempre para a frente, alguma coisa ficava para trás.