O sótão da avó Jacinta
Imagem do sótão da avó Jacinta.http://thumbs.dreamstime.com/x/no-sto-7682258.jpg

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     Por exemplo, “antes” de pedir aos irmãos para brincarem com ela, sentia-se sempre muito aborrecida e só.  Então, atrás de um “agora”, havia sempre um “antes”. O tempo era mesmo uma coisa complicada!

     Também achava estranha a palavra “sempre”. Os pais diziam que ela andava “sempre” distraída.  Mas então, quanto tempo era “sempre”?  Uma hora, duas horas, uns minutos, a vida inteira? Por que será que as pessoas não podem ser mais exatas?

     Um dia conheceu um relógio que estava abandonado no sótão da avó Jacinta. As pessoas deitavam fora as coisas que, por terem já muito tempo, consideravam inúteis. Talvez o sótão tivesse o segredo do tempo, pensou a Ana.

     O relógio só precisava de uma pequena limpeza, pois tinha o pó do tempo, como dizia a avó. Deram-lhe corda e ficou a falar e a abanar o pêndulo:   

     - Tic, Tac, Tic, Tac.

    A Ana perguntou-lhe:

     - Quanto tempo tens?

     - Tenho muito tempo. Sou de 1948. Também tenho muito tempo, porque não vou fazer nada a seguir. Deves é perguntar-me que horas tenho. Ou: que horas são agora?

     -  O que são horas? – quis saber a Ana.