Relógio antigo
Personagem do texto: o relógio.

Ouve o texto AQUI.

     -  As horas são pequenos espaços que o meu ponteiro maior percorre. Uma hora tem sessenta espacinhos e os espacinhos têm o nome de “segundos”.  Agora são cinco horas e cinquenta segundos. Se olhares para a janela e depois voltares a olhar para mim, já serão cinco horas e cinquenta e dois segundos, ou cinquenta e três, se ficares a olhar pela janela durante mais tempo.

    -  O que é isso do "durante"? Nunca percebi – exclamou ela.

    -  Tudo que acontece anda no tempo. Se atirares uma pedra pela janela, ela só chega ao chão mais tarde. Durante um ou dois segundos ela está a cair. Tudo começa e acaba no tempo. O “durante” é o tempo que fica entre o início e o fim das coisas que acontecem. Eu, por exemplo, estive parado e esquecido neste sótão durante vinte anos.

   - Ah, já percebi. Por isso é que as minhas professoras estão sempre a dizer-nos que não podemos falar uns com os outros durante as aulas.

     - Exatamente! – respondeu-lhe o relógio.

     - Acho que começo a compreender o tempo. Mas ainda não o vejo!

     - Ninguém o vê. Mas todas as pessoas conseguem senti-lo – explicou o relógio.

     - Como? – admirou-se a Ana.

     - Com as batidas do coração. O coração é como um relógio, sabias? Tic, Tac, Tic, Tac. Se a tua amiga preferida não chega, parece que o tempo parou, enquanto esperas. O coração fica triste. Se estás a divertir-te, o coração bate mais depressa e o tempo passa num instante.